Hoje, recebo o 'Deutsches Ärzteblatt', órgão oficial dos médicos alemães que me chega numa freqüência semanal. Dois títulos me chamaram a atenção: ‘Nobelpreis für Medizin’ (Prêmio Nobel de Medicina) e ‘Studie: Kindern gleichgeschlechtlicher Eltern geht es gut’ (Estudo: Filhos de pais do mesmo sexo vão bem). Vou logo aos finalmentes e me empenho em ler o conteúdo.
Do primeiro, na realidade se trata do envelhecer e do câncer, situações diversas que pensava antes estarem muito distantes uma da outra, já que o câncer vive de células novas e o envelhecer, de células velhas. Ledo engano: as duas estão muito ligadas entre si, possuem um denominador comum. Por isso, que 3 cientistas ganharam o Prêmio Nobel de Medicina 2009. São eles Elisabeth Blackburn (61, Austrália), Carol W. Greider (48, USA) e Jack W. Szostak (57, Inglaterra). Todos especialistas em cromossomos.
Só para lembrar: os cromossomos são corpúsculos (geralmente em forma de ‘X’) partícipes do núcleo da célula como detentor das informações sobre toda a arquitetura e funcionamento do corpo, através do DNA e gens.
Tinha aprendido que o envelhecimento estava relacionado com acúmulo de ‘lixo’ metabólico no interior das células. Mas, o trabalho desses cientistas me deu nova lição. Envelhecimento está intimamente ligado aos cromossomos. Eles descobriram que as pontas terminais dos cromossomos (telomeres) têm a capacidade de regular a divisão celular, mas, infelizmente, se compõem de apenas 15.000 moléculas-base de DNA e a cada divisão celular perdem de 25 a 200 dessas bases até perderem todas as 15.000 iniciais. Assim, com o passar do tempo, perdem a capacidade de induzir a divisão celular que, em não acontecendo, geram o envelhecimento.
Já no caso do câncer, a situação se inverte e esses telomeres permanecem hiperativos e produzem incessantemente a divisão celular, sem perder suas estruturas. Daí, o tumor não para de crescer. Coisas da natureza!
Facit: O telomere é o denominador comum entre envelhecimento e câncer. Quando o domarmos, não envelheceremos e nem morreremos de câncer.
Já o segundo artigo traz uma informação curiosa que se liga ao ‘arco-íris’. Trata-se de um estudo financiado pela Secretaria de Saúde do Estado alemão da Baviera. Na Alemanha, há uma população estimada em 7.000 crianças vivendo com pais do mesmo sexo. Durante dois anos o estudo avaliou a situação de 852 crianças que vivem com (1.059) pais homossexuais.
A expectativa geral induzia que o dito estudo indicaria um enorme volume de transtornos de todo tipo em desfavor dessas crianças em relação a crianças com pais ‘normais’.
E qual foi o resultado? Pamem!
As crianças avaliadas pelo estudo não apresentaram qualquer diferença comportamental ‘negativa’ em relação às crianças que vivem com pais heterossexuais. E se apresentavam qualquer diferença, sempre em favor dessas crianças ditas de família ‘arco-íris’. Essas crianças apresentaram altos índices de tolerância e de auto-estima.
Facit: O preconceito é um péssimo termômetro.
Acelino Pontes
Nossa o blog ta lindo, parabéns! As materias estão otimas!
ResponderExcluirParabens novamente!
Obrigado, Ely, fico feliz por ter gostado.
ResponderExcluirBom dia Dr. Acelino.
ResponderExcluirNas minhas elocubrações, penso, às vezes, que o envelhecimento está relacionado com o declínio da atividade sexual. Veja os salmões: após a reprodução eles definham e morrem!
Um fraternal abraço.
Faz parte, meu caro Xyco Lucas,
ResponderExcluirmas não é a morte o objetivo do declínio da atividade sexual. Com o envelhecimento das células, as células do aparelho reprodutor também envelhecem e perdem em muito a sua função primordial.
A evolução científica nessa área, entratanto está alargando em muito não só a vida, como a atividade reprodutiva/sexual.