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Fonte: Internet. |
Começou
bem a idéia de escola. Se pensarmos em Sócrates
(viveu em Atenas/Grécia,
entre 469 e 399 a.C.) como o primeiro professor, então essa ideia
começou bem, aliás maravilhosamente bem.
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Fonte: Internet. |
Com
Sócrates a escola era itinerante; qualquer lugar se prestava para
aprender, inclusive tinha o inusitado banquete como veículo de
aprender e ensinar. O seu método tinha características próprias:
fascinação, ironia e
maiêutica.
A maiêutica também é conhecida como parto de ideias. Como sua
mãe era parteira, ele tinha muito contato com o parto, ao tempo de
criança. E foi daí, que ele tirou o conceito de maiêutica como
parto de ideias.
Sócrates,
o professor, percorria as ruas e os alunos iam a seu encontro. Então,
alguém lhe fazia uma pergunta. Ele devolvia a pergunta ao
interlocutor, tentando gerar dúvidas naquilo que o interlocutor e
demais alunos tinham como correto e conhecido. Dessarte, partia
Sócrates para uma ampliação da questão, envolvendo diversas
maneiras de compreender o assunto em indagação, para, por fim,
'parir'/gerar novas idealizações sobre a questão. A isso, se diz a
maiêutica socrática.
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Autor: Johann Friedrich Greuter. (Fonte: Internet) |
Ao
exemplo do conceito 'amor', se perguntado por um aluno, ele devolvia:
o que você acha sobre o que seja o 'amor'? O aluno poderia responder como
“é o sentimento mais nobre que se possa nutrir
por alguém”.
Daí, ele partia para questionar se o amor entre pessoas do mesmo
sexo, seria também amor,
porquanto também
um sentimento dos mais
nobres? Com isso, ele tocava a questão do preconceito, que
naturalmente levaria o interlocutor a uma outra dimensão em relação
ao amor. Ele poderia também tocar a questão da existência de Deus
e da religiosidade, perguntando se o amor a Deus seria igualmente
amor. Desse modo, ele enveredaria na investigação da existência de
Deus e na da possibilidade de se amar alguém, que não tenha
sua existência comprovada,
embora se tenha apenas fé de
que exista. Num outro
momento, ele poderia questionar a relação do amor-próprio
e do egoismo; como também resvalar o
trato do amor em relação a objetos e a um animal doméstico.
Assim, poderiam professor e alunos divagarem
por toda uma enorme
amplitude de possibilidades de entendimento sobre o amor, sem perder
a fascinação pelo aprendizado. Era simplesmente um jogo gostoso de
aventurar-se no mundo do conhecimento.
E de idêntica forma poderia Sócrates e seus alunos discorrer sobre qualquer outro tema ou área de conhecimento: da filosofia às ciências exatas, às da natureza e às artes em geral.
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Fonte: Internet. |
Ao
fim do diálogo, todos os alunos tinham feito uma viagem por todo o
envolto e contornos do conceito analisado e desenvolvido uma nova e
apaixonante relação com esse conceito. Isso, era um aprender
extremamente prazeroso e abrasador.
A
escola de então não tinha hora para começar e nem para terminar,
não tinha férias e nem obrigações ou regras. A liberdade era
total. Ainda, a esse tempo, apareceu um tal de Platão com a proposta de
o Estado apossar-se das crianças e jovens para promover-lhes a educação
obrigatória, mas de tão maluca a ideia, ninguém lhe deu ouvidos.
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Fonte: Internet. |
A
percepção da liberdade de ensino perdurou até o ano de 787, quando
o imperador do Sacro Império Romano-Germânico, Carlos Magno
(742-814 ), dito "O Grande", decretou uma regulamentação
para a escola. A partir daí, se inovou a escola com sete artes
liberais: o ensino literário (gramática, retórica e
dialética) e o ensino científico (aritmética,
geometria, astronomia e música). Aqui no Brasil, essa divisão
perdurou, até a Ditadura Militar de 1964, como Curso Clássico
e Curso Científico.
Fonte: Internet. |
Tudo
ainda andava bem e com certa liberdade na escola até surgir, em
1599, a famosa Ratio Studiorum
(=Sistema de
Estudos),
um compêndio de 467 regras para a sistematização da pedagogia e da
escola, na percepção dos Jesuítas. O ensino passa a ser rigoroso
adestramento, treinamento e domesticação, com feição quase
militar. Aqui começou o terror na escola, que até hoje perdura no
Brasil e em grande parte do mundo.
E
vejam neste vídeo uma excelente avaliação dos frutos dessa
'inovação':
A
Escola é um Saco.
Autor:
GusHorn Produções.
Escola
tem que ser fascinante, emocionante e cativante; uma imensa aventura
pelos mares do conhecimento. A despeito disso, o fascinante, o
emocionante e cativante na escola de hoje é justamente aquilo, que a
atual escola proíbe.
Fonte: Internet. |
Os
eletrônicos ensinam e seduzem o aluno muitíssimo mais do que a
escola. A escola quase sempre esquece que a aula deve ser um show e
não um adestramento; não pode ser de disciplinas, mas de
conhecimentos. Se há prazer em frequentar a escola, não resiste
necessidade de provas e exames. A 'prova' será a própria
demonstração do prazer em frequentar a escola e do de assistir as
aulas. Escola sem disciplina e sem prova é um direito natural e,
certamente, será a escola do futuro, futuro este que há muito, já
devia ser presente.
E
você professor, que está incomodado com o aluno dedicado a jogos no
celular durante sua aula, aprenda a lição: ele gosta de jogo.
Então, transforme a sua aula num jogo muito mais atrativo, que
ninguém mais, em sala de aula, jogará ao celular.
Fonte: Internet. |
Talvez
até, você, aluno, não obtenha o êxito exigido pelo ENEM ou por um
vestibular qualquer, mas recebeu uma educação de qualidade, que vai
lhe render grandes frutos. Não será você que deve se adequar aos
vestibulares da vida ou ao ENEM, mas esses à sua vocação e aos
seus direitos. E decoreba, disciplinas, regulamentos, bullying et
caverna, jamais.
Escola
não pode abandonar os princípios socráticos. Necessita ser o
local, que fascina e enfeitiça o aluno.
Acelino
Pontes
Este vídeo é muito interessante: https://www.youtube.com/watch?v=TsoG0u8Iu90
ResponderExcluirÉ a primeira vez que tenho contato com um blog deste "naipe". Meus parabéns, Irmão Acelino Pontes, por este artigo primoroso "Escola, como te odeio". Peço permissão para reproduzir seus artigos na revista Fraternizar, por favor... Confirme através do e-mail revistafrternizar@gmail.com Parabéns!!!
ResponderExcluirEzequias Moura
editor/redator da revista Fraternizar
Obs.: Prometo enviar-lhe um exemplar da nossa Revista (on-line) mensalmente... TFA
Prezado Ezequias,
Excluira autorização segue por e-mail, como solicitado.