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Fonte: Internet. |
O que você paga de imposto, você nunca sabe. Se morasse noutro país, como por exemplo, na Alemanha, saberia. Lá, se o cidadão compra um bombom, vem na nota do caixa o quanto custa o bombom, o quanto você pagou de imposto e o total da compra. Assim, a pessoa está sempre tomando conhecimento da carga de impostos.
A cada ano, o Brasil arrecada mais de um trilhão de reais; o ano passado já foi 1,2 trilhões. Seria algo em torno de 2 bilhões de salários mínimo. É um montão de salários mínimo para ninguém por defeito. E tudo isso quem paga é você, pois rico não paga imposto.
De milhões, bilhões e trilhões já estamos fartos de ouvir. Mas, o que interessa é saber para onde vai o meu, o seu dinheiro.
Primeiro, precisamos saber que todo o dinheiro do Brasil é regrado pelo Orçamento da União. Este ano está previsto arrecadar mais de 2 trilhões de reais. Desse total, boa parte vai para pagar juros (bancos) e para a manutenção do Estado (pessoal, despesas administrativas, etc.). As cotas perigosas são as de investimento, como, por exemplo, as do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
Nos investimentos, o dinheiro vai quase todo para o ralo, quero dizer para o bolso de empreiteiras e de políticos. E esse ano está previsto para os programas do Governo quase 2 trilhões de reais. Por isso, político adora propostas de investimento, pois podem abocanhar no mínimo 50% desse valor. E você é quem paga, naturalmente sem protestar.
O que acontece?
Desse valor (repito, 2 trilhões de reais ) os políticos e empreiteiros tiram bem mais do que 50-60% (mais de um trilhão de reais), mesmo sem o valor orçamentário aumentar. Mas, como tiram quase tudo, só resta muito pouco para construir. Daí os programas não saírem do papel ou pouquíssimas obras serem construidas.
Para entender melhor, vamos a um exemplo. Vamos supor que o Governo vai construir uma ponte na cidade Estaéminha. A ponte custa 100 mil. Então é preciso fazer uma tomada de preços (=licitação) para saber quem constrói a ponte pelo menor preço (me engana que eu gosto). Assim, determina a lei.
Por incrível que pareça, em todos os municípios e estados brasileiros há sempre um ‘dono do pedaço’ para construções de pontes. Ou é um deputado, ou é um prefeito, ou é um grupo deles. Esse ‘dono do pedaço’ na cidade Estaéminha, em regra, cuida da liberação da verba e também, por debaixo dos panos, cuida da tomada de preços/licitação. E a licitação sai do jeito que ele quer e bem ao gosto dos seus ‘amigos’.
Saindo a licitação, os ‘amigos’ do ‘dono do pedaço’ enviam as suas propostas: uma empresa laranja faz uma proposta de construir a ponte por 500 mil reais; uma outra laranja coloca 499 mil reais como proposta; já a empresa dos ‘amigos’ coloca uma proposta de 498 mil reais. Eu dou um doce se você adivinhar quem vai ganhar essa licitação.
Ora, se a ponte custa normalmente 100 mil reais e a empresa com menor custo é a dos ‘amigos’, que propôs 498 reais para construir a ponte, então há um lucro de 398 mil reais. Esse lucro vai para o ‘dono do pedaço’ e outros políticos, o que eles chamam de ‘financiamento de campanha’. E tem mais, na realidade a construtora nunca gasta os 100 mil reais, pois sempre se utiliza de material de baixíssima qualidade para diminuir consideravelmente os custos.
E você pensa que parou por aí? Ledo engano. Há sempre um ‘probleminha’ que faz a obra parar. E quando retoma a construção, vem novo projeto, novos custos e o que inicialmente custaria 498 mil reais passa para 600 mil e pode até chegar a 1 milhão ou mais. Quem diria, uma obra de 100 mil finda custando mais de 1 milhão aos cofres públicos? Só no Brasil! Você não fiscaliza . . .
Por isso, quando você avistar uma obra parada, pense: o ‘dono do pedaço’ e seus ‘amigos’ estão captando recursos para o ‘financiamento de campanha’, quero dizer, para suas contas em paraísos fiscais.
E como só tem 2 trilhões para gastar com obras, você já pode imaginar quantas obras poderão ser construídas com esse dinheirão todo, pois cada obra custa ao governo de 20 a 30 vezes mais do que custaria se você fosse construir ou se você fiscalizasse as obras no seu município. Há obras que ficam impagáveis. São justamente aquelas obras que há mais de 10 anos estão paradas e que já enriqueceu vários ‘donos do pedaço’ e suas respectivas famílias.
Tem solução para isso?
Tem, e várias soluções. Nas próximas eleições, pense nos candidatos que estão gastando os tubos de dinheiro (tudo fruto do ‘financiamento de campanha’) e não vote neles. Depois, se encontrar uma obra parada, procure o Ministério Público, mas antes fotografe tudo o que você encontrar de estranho. Comece a fiscalizar todas as obras públicas do seu município, principalmente as paradas.
E não esqueça, procure encontrar quem é o ‘dono do pedaço’ e os seus ‘amigos’ no seu município. Geralmente, há um para cada setor: construção de pontes, terceirização, educação, saúde, etc. Isso já é um grande avanço. Assim, pelo menos se sabe quem ganha em você não ter o que deveria.
Se você não conseguir para de vez com essa vergonha, pelo menos vai dificultar e muito o 'trabalho' deles.
Acelino Pontes